sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ópio...



A Espiritualidade é um termo específico que na verdade significa: lidar com a intuição. Na tradição teísta há a noção de apego a um conceito. Certo ato é considerado como não aceitável para um princípio divino. Certo ato é considerado aceitável para o divino, qualquer coisa.

Na tradição do não-teísmo, no entanto, é bastante direto – que os casos da história não são particularmente importantes. O que é realmente importante é Aqui e Agora. O agora é definitivamente agora. Nós tentamos viver o que está disponível ali, no momento.

Não faz sentido pensar que existe um passado que poderíamos ter agora. Isto é agora. Este preciso momento. Nada místico, apenas “agora”, muito simples, direto. E desse “agora”, contudo, emerge sempre um sentido de inteligência de que estamos constantemente em interação com a realidade um por um.
Lugar por lugar.
Constantemente.

Nós na realidade vivemos uma fantástica precisão, constantemente. Mas nós nos sentimos ameaçados pelo “agora” e saltamos para o passado ou futuro. Prestando atenção aos bens materiais que existem na nossa vida – esta vida rica que nós levamos. Todas estas escolhas tomam lugar a todo o momento, mas nenhuma delas é considerada boa ou má. Todas as coisas que vivemos são experiências incondicionais. Elas não vêm com uma etiqueta dizendo “isto é considerado mal” ou “isto é bom”.

Mas nós as vivemos e não tomamos a devida atenção a elas. Nós não damos conta que estamos indo para algum lugar.
Consideramos isso um incômodo.
Esperar pela morte.

Isso é um problema.
É o não confiar propriamente no “agora”; que aquilo que vivemos agora possui muitas coisas poderosas. É tão poderoso que somos incapazes de enfrentá-lo. Conseqüentemente, temos que emprestar todo o passado e convidar o futuro a todo o momento.

E talvez seja por isso que procuramos a religião.
Talvez seja por isso que andamos na rua.
Talvez seja por isso que nos queixamos da sociedade.
Talvez seja por isso que votamos nos presidentes.

É bastante irônico.
Muito engraçado mesmo.

Texto de “Chögyam Trungpa Rinpoche” que abre o filme Zeitgeist.

O filme também está disponível no site oficial.

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